A identificação e a mensuração dos diferentes graus de pobreza têm como base as privações e perdas de qualidade de vida de seis dimensões. As seis dimensões são: 1) moradia: abrange a estrutura do domicílio, seu entorno e vizinhança e as condições ambientais, (ex: poluição) assim como avaliação da moradia; 2) acesso aos serviços de utilidade pública: abrange eletricidade, esgotamento sanitário, água e coleta de lixo, assim como a avaliação destes serviços; 3) saúde e alimentação: abrange insegurança alimentar, acesso aos serviços de saúde e medicamentos, além da avaliação da saúde e alimentação; 4) educação: abrange a frequência e o atraso escolar, além da avaliação da educação; 5) acesso aos serviços financeiros e padrão de vida: abrange a posse de bens duráveis, conta em banco e as dificuldades de pagar as contas do dia a dia; e 6) transporte e lazer: abrange o equilíbrio no uso do tempo em atividades do dia a dia, como o transporte para o trabalho, as jornadas de trabalho e a avaliação do transporte e do lazer. As pessoas com algum grau de pobreza multidimensional são identificadas como aquelas cuja soma (ponderada) das perdas e privações na qualidade de vida seja acima de 1/3 (o que equivale ao peso de 2 das 6 dimensões). Após a etapa de identificação, são calculados os graus de pobreza das pessoas com base nas perdas de qualidade de vida. Tais graus de pobreza são maiores do que zero para aqueles identificados como pobres multidimensionais e zero para os demais. O Índice de Pobreza Multidimensional Não Monetário (IPM-NM) é dado pelo grau médio de pobreza da população. O IPM-NM é uma medida com melhores propriedades do que a proporção de pobres, mas as duas medidas são apresentadas. Os cálculos envolvem cerca de 50 indicadores de perda de qualidade de vida e seus pesos, ambos listados nas páginas 26, 27 e 28 das notas metodológicas da divulgação "Evolução dos indicadores não monetários de pobreza e qualidade de vida no Brasil com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares" de 2023 (https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102021). Para facilitar a visualização os valores do IPM-NM são multiplicados por 100 e as proporções estão em percentuais (%). Cabe ressaltar que tais índices e proporções são novos no sistema estatísticos nacional e, portanto, classificados como estatísticas experimentais. Tais estimativas são oficiais, mas passíveis de atualizações metodológicas e modificações com intuito de aprimoramento decorrente do amplo debate sobre o tema. Outras informações sobre o IPM-NM são encontradas nas notas metodológicas e no texto do informativo da mesma divulgação cujo link está acima. Tal divulgação apresenta o IPM-NM assim como outros indicadores multidimensionais complementares de vulnerabilidade e pobreza. Cabe ressaltar outra divulgação do IBGE que utiliza o mesmo arcabouço da qualidade de vida para mensurar as desigualdades e o desenvolvimento socioeconômico no Brasil. Na divulgação “Evolução dos Indicadores de Qualidade de Vida no Brasil com base na Pesquisa de Orçamentos Familiares” de 2023 (https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102006) são apresentados dois índices multidimensionais: o Índice de Perda de Qualidade de Vida (IPQV) e o Índice de Desempenho Socioeconômico (IDS). Juntas, as duas divulgações apresentam um arcabouço e abordagem integrada para a mensuração da pobreza, desigualdades e desenvolvimento socioeconômicos com base na qualidade de vida.